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1º Texto:
O Vento e o Branco
Vejo o vento na mesma intensidade que o sinto na pele. … uma força vencê-lo, pois segue numa trajetória contraria a minha. As vezes rojões dele empurram-me para atrás, como se desejassem mudar o meu destino, volto dois ou três passos e depois sigo o caminho... A areia fina chicotei-me sem trégua, ouço o seu estampido no meu corpo. Ventos viram vozes soprando ao meu ouvido. O suor é quase seco, a umidade dura apenas o tempo necessário para colar os finos grãos na minha pele.
O branco é a cor mais forte de tudo que me rodeia. A areia, os morros, a luz e até o vento guardam uma alvura extrema, desconcertante para meus olhos acostumados a uma profusão caótica de imagens. Não há caminhos demarcados, as pegadas de outros são logo encobertas pelo vento que as sucedem, deixando livre para os novos, que até cruzam pelo mesmo caminho, mas com intensidade, cadencia e pressão próprias - jamais iguais umas às outras.
Navego com a sensação como se estivesse a deriva em um oceano de brancura, mas é apenas uma sensação..., concentro-me, me reaprumo e sigo, pequenas passadas cadenciadas buscam o que está além dos olhos, depois do horizonte - pois lá está o que procuro. Não vejo ninguém, estou eu nesse mundo, sentindo mais minha alma que o meu corpo.
… uma descoberta: o Branco é o espaço para a reflexão, e o Tempo para o entendimento. Caminhar com esses dois elementos é se encontrar em meio a devaneios, contradições e mais perguntas para nós mesmos. Nessa trilha, sou um bico de pena riscando uma gigante folha branca - e é nesse espaço que cabe o infinito, que eu faço minha história...
Agosto de 2009, Ricardo Sena
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2º Texto:
Para a poesia "A Janela", me inspirei em uma foto da janela de um sobrado, captura pelo amigo e fotógrafo Fernando Nainberg. Diz ele que não achou o registro lá essas coisas, mas para mim trata-se de uma bela foto, tanto é que após tê-la visto, a revelei na forma que segue abaixo...
A Janela
Abra a janela desse sobrado,
Está escuro e preciso enxergar
Lá fora, um mundo de luz
Espera quem sabe olhar
Abra a janela desse sobrado,
O brilho dourado quer passar
Reflexos de nuvens no chão
Deixa a luz desenhar
Abra a janela dessa sobrado,
O vento sopra o iluminar
Com o zigzag de um balé
Cortina faz o balançar
Abra a janela desse sobrado
A luz procura algo ofuscar
Vejo seios feminino
Em um contraluz desenhar
Junho de 2010, Ricardo Sena
Adorei esse novo espaço! Continue assim que em breve o vento muda de posição e te ajuda a caminhar com mais leveza.
ResponderExcluirbjos
Cada vez mais,você me surpreende com seu talento.Essa reflexao ta de parabéns,da para perceber que tu vive cada momento,cada passar do Vento nessa imensidão do Branco...cada instante que a vida te presenteia com minímos detalhes.E, com isso tu consegue transmitir para quem ler,uma vivência tão grande,ao ponto de conseguir estar lá,só de ler cada entrelinha.
ResponderExcluirPS:sua foto estar com uma luz esplêndida,ótima composição,passa um ar de mistério...
A janela...que lindo esse poema.Bjos
ResponderExcluirRicardo, se da sua vinda ao Amazonas surgir alguma bela poesia ou texto, me passe para eu fazer referência a ele no meu blog. Parabéns pelo seu trabalho. Um abraço, Paula. manauspramim.wordpress.com
ResponderExcluir"Nenhuma atividade no bem é insiguinificante...As mais altas árvores são oriundas de minúsculas sementes.A repercussão da prática do bem é inimaginável..."(Chico Xavier)
ResponderExcluirObrigado pela honra de conhece-lo,e ratifico o que disse sobre vc. vendo os seus trabalhos. Uma pessoa altamente "sensorial" Abraços.
ResponderExcluirLuz e paz em seu caminho.
Sena, cada vez que visito seu Site fico encantado com a riqueza de detalhes e perfeição das obras de arte que publica. Isto é uma dádiva divina e com certeza você esta no rol dos seletos.Abraços...Johnildo
ResponderExcluirseu trabalho continua lindo, queria saber pq foi embora nos nem conversamos a fabiola que vendera casa dela que comprar ela foi embora c os filhos se separou de meu irmao um abraço josi
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